Figura histórica, muito divulgada pela literatura e a lenda (? - Coimbra. 07/01/1355). Pouco sabemos de seguro sobre a sua vida e quase nada acerca da sua personalidade. Era filha natural de D. Pedro Fernandes de Castro, fidalgo galego. Quando Dona Constança veio para Portugal para casar com o Infante D. Pedro, depois rei, Inês de Castro foi uma das damas que a acompanharam. D. Pedro apaixonou-se por ela e declarou, assim como mais três testemunhas, em 1960, sendo rei já, há anos, que com ela casara secretamente. Essas declarações foram postas em dúvida; mas, recentemente, S. da Silva Pinto procurou demonstrar a sua veracidade, assim como a validade do matrimónio, com uma argumentação hábil. O conde de Tovar também quis explicar, numa hipótese sedutora, os aspectos estranhos das declarações como consequência, não da sua falsidade, mas de procurarem ocultar um facto grave: terem-se casado D. Pedro e Inês de Castro, sendo ainda viva D. Constança. Os amores de Inês de Castro e D. Pedro suscitaram forte oposição por motivos de ordem moral, religiosa e política. Além de as suas relações serem adulterinas, haveria ainda a opor-se-lhe o parentesco existente entre ambos, pois eram primos em segundo grau, e o seu compadrio, visto Inês de Castro ter sido madrinha do segundo filho de D. Pedro e de D. Constança. Por outro lado, temia-se que esta paixão de D. Pedro trouxesse malefícios ao País: especialmente, que viesse afastar do Trono D. Fernando e a considerar herdeiros os filhos que houvera de Inês de Castro. Foram estes motivos, e fundamentalmente os políticos, que levaram D. Afonso IV, instigado especialmente por Diogo Lopes Pacheco, Pedro Coelho e Álvaro Gonçalves, a ordenar a sua execução, depois de um conselho que teve lugar em Montemor-o-Velho. Aproveitando-se da ausência do infante, executaram-na, por decapitação, conforme mostra a famosa rosácea do túmulo de D. Pedro. Posteriormente, a literatura apossou-se desta figura e em especial dos seus amores e da sua morte. Garcia de Resende, nas Trovas à Morte de D.I.C., António Ferreira na Tragédia de D.I.C. e Camões nos Lusíadas, emprestaram-lhe a auréola do martírio, revestiram a sua história de doce poesia. Camões considera-o «caso triste e digno de memória». Posteriormente, numerosos autores portugueses e estrangeiros continuaram a inspirar-se nos amores de Pedro e Inês de Castro, sendo este um dos temas portugueses que inspirou mais produções de literatura estrangeira. Como notou Susanne Cornil, o tema foi célebre nos séculos XVII e XVIII em Espanha e em França; depois, o romantismo acabou por divulgar em toda a Europa o nome de Inês de Castro, modelando e transformando a sua história. Aparece como ópera em Itália, comédia ou zarzuela em Espanha, tragédia em França, como bailado ou romance e até nas artes plásticas, tornando-se conhecida em quase todos os países do Ocidente.
Enciclopédia Luso-Brasileira da Cultura
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